domingo, 18 de novembro de 2012

Catete II

Este é mais um post que eu devo ao Raul Félix a possibilidade de fazê-lo. Todas as fotos do imóvel em questão são de sua autoria.


Embora eu vá comentar apenas o imóvel da esquerda na primeira foto, tudo o que for dito aqui vale também para o seu vizinho, pois foram usados exatamente os mesmo azulejos e disposição dos mesmo em ambos.

Como podemos ver nas fotos, este imóvel tem alguns azulejos já conhecidos aqui no blog, e outros que aparecem pela primeira vez.


O azulejo principal do friso superior, logo abaixo do telhado, nós já vimos na rua Visconde do Rio Branco, e Praia do Caju (neste último, em uma combinação de cores diferente). Infelizmente continuo sem uma hipótese mais fundamentada para a origem deste azulejo, que vai parecendo ter sido comum por aqui no Rio de Janeiro.


Este azulejo possui semelhanças com o padrão português "Ferradura", mas é um tanto mais rebuscado, bem como mais "preenchido".


O azulejo de cercadura é o que batizei, por falta de um nome mais correto, como "Fita e Tulipa". Como sabemos, é um azulejo holandês, com quase toda certeza. Ele já apareceu aqui em três posts anteriores, o primeiro de um imóvel na rua André Cavalcanti, o segundo dos achados do sítio arqueológico Santa Luzia, e o terceiro de outro imóvel na rua Buenos Aires.

azulejo encontrado em escavações arqueológicas no Centro
do Rio de Janeiro, classificado como holandês pela profa. Dora Monteiro,
modelo similar ao usado em cercaduras do prédio em questão.



O azulejo de padrão principal é novidade aqui no blog, e por comparação, como ele parece ter o mesmo comprimento do azulejo de cercadura, eu suspeitei que ele seria holandês também, e tinha quase certeza de que já o havia visto em algum catálogo online. E tinha mesmo:

Foto de um catálogo de azulejos holandeses do século XIX.
Fiz uma montagem 2x2 do azulejo, para ficar mais compreensível como o padrão se forma na fachada.




Por fim, o padrão formado pelos quatro azulejos nas pontas do friso são totalmente desconhecidos por mim. E será preciso novas fotos, com mais zoom, para poder comentá-lo.


Pretendo visitar assim que possível a área onde está localizado este imóvel, para fazer as fotos em mesmo, pois graças ao álbum de fotos do Raul Félix no site Panoramio pude verificar que há vários outros imóveis azulejados entre a Glória e o Catete, bairros bastante antigos na cidade do Rio de Janeiro, os primeiros criados na direção das praias da zona sul.

Será muito interessante fotografar este imóvel, pois como podemos observar na primeira foto, os azulejos de cercadura e padrão descem pelas lateriais do térreo, o que me permitirá medí-los, e talvez assim ter mais um indício que confirme sua origem holandesa.

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Atualização em 19/11/2012:
Como bem lembrou o Raul Félix, este ornamento nas pontas dos frisos formado com 4 azulejos também aparece no primeiro post sobre o Catete aqui no blog, que pode ser visto neste link.

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Atualização em 2/1/2013:
Encontrei o azulejo principal no catálogo do Museu do Azulejo da Holanda:


Segundo este catálogo, este azulejo teria sido produzido entre 1750 e século XIX, bem ao norte da Holanda, na cidade de Makkum (fábrica Royal Tichelaar Makkum, que ainda existe, veja neste link) e Frísia (Países Baixos). Infelizmente não há o nome do padrão.

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Atualização em 24/4/2017

O padrão usado como friso superior no imóvel em questão, visto na foto abaixo, segundo o livro "De Nederlandse Tegel - Decors en Benamingen", de Jan Pluis (2013), se chama "Weelkl". 


O nome do padrão da cercadura no imóvel acima é "Tulpkolomrand" (borda de coluna de tulipas).

5 comentários:

  1. Raul A. Félix de Sousa19 de novembro de 2012 às 00:32

    A pouca distância deste prédio há outro em que é utilizado o mesmo padrão de quatro azulejos nas pontas do friso, o da padaria Viriato. ( http://azulejosantigosrj.blogspot.com.br/2012/10/catete-i-rua-bento-lisboa.html ). Abraços.

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    1. É, eu preciso explorar a região, mas estou sem tempo agora, infelizmente. Obrigado pela dica.
      abraços!

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    2. pelo visto, esta ornamentação nas pontas dos frisos "bombou" no Catete... ;-)

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    3. Raul A. Félix de Sousa19 de novembro de 2012 às 18:16

      Talvez fosse "marca registrada" de algum proprietário, ou de um mestre-de-obras.

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    4. Quem sabe não seria mesmo? :-)
      Preciso de tempo para ir lá. Estou muito curioso quanto ao desenho deste padrão, que me parece policromia. Mas não estou com tempo SEQUER para comparar com fotos de arquivo de azulejos séc. XIX.
      abraços!

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