terça-feira, 9 de outubro de 2012

Centro XXIII - Igreja da Ordem Terceira do Carmo

A Igreja da Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro localiza-se no centro da cidade, junto à  Praça XV. A Ordem Terceira do Carmo funcionava no Rio de Janeiro desde o século XVII, ocupando uma capela próxima ao Convento do Carmo. A Ordem decidiu-se pela construção de uma nova igreja em 1752. O projeto é atribuído ao português Manuel Alves Setúbal, também construtor do edifício, com planta modificada por Frei Xavier Vaz de Carvalho. As obras se estenderam de 1755 a 1770, ficando as torres inacabadas. As torres atuais, com suas cúpulas bulbosas cobertas de azulejos, só seriam construídas entre 1847 a 1850 pelo arquiteto Manuel Joaquim de Melo Corte Real, professor de desenho da Academia Imperial de Belas Artes.


A fachada da Igreja da Ordem Terceira do Carmo é muito elegante, com belos portais, janelões e com um frontão contracurvado típico do barroco. A fachada é única entre as igrejas coloniais do Rio de Janeiro por ser totalmente revestida com pedra, sem o contraste entre a cantaria e o reboco branco, característica da maioria das igrejas coloniais brasileiras. A fachada de pedra, assim como o perfil dos janelões, colunas e portais da fachada são influência da arquitetura lisboeta da época pombalina.

detalhe do portal principal‎ trazido de Lisboa em 1761.
O medalhão mostra São Francisco, a Virgem e o Menino.
A igreja é de nave única com capelas laterais e capela-mor retangular. A talha dourada da igreja, de feição rococó, é muito valiosa. A decoração interna começou em 1768 com o entalhador Luiz da Fonseca Rosa, que a partir de 1780 foi auxiliado por Valentim da Fonseca e Silva (o Mestre Valentim). Mestre Valentim trabalharia na igreja até 1800. As telas da capela são obra do pintor colonial Manuel da Cunha. Entre 1829 e 1855 as paredes da nave foram preenchidas com talha pelo escultor Antônio de Pádua e Castro, o que deu ao interior um aspecto mais homogêneo.



Os azulejos por mim fotografados estão num espaço de circulação lateral da igreja, que é aberto, como uma grande varanda. Estes azulejos são provavelmente todos de origem holandesa.






Abaixo, foto de um catálogo online de azulejos antigos holandeses:


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Atualização em 20/3/2016

prancha de catálogo de 1890 da fábrica holandesa Ravesteyn.
cortesia 
Peter Sprangers, Holanda.

8 comentários:

  1. Sim, esses azulejos não são de todo portugueses.

    Realmente a fachada da igreja é muito lisboeta. Recordou-me a Fachada da Igreja da Pena, aqui na calçada de Santana, em Lisboa. E depois o interior dessa igreja da ordem Terceira do Carmo é sumptuoso. Não há como o interior das igrejas portuguesas ( e também brasileiras). Se vamos a Londres ou a Bruxelas, o interior dos templos é de um cinzentismo atroz.

    Abraços

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    1. Olá Luis,
      Certamente não são azulejos portugueses. Como a maioria dos azulejos aqui no Rio não o são também. Importou-se no século 19 muito mais azulejos da Holanda, França e Alemanha. Eu já vi anúncios de periódicos desta época que só anunciam azulejos dos países acima, e nada de Portugal.
      Mas é curioso ver uma ordem de origem portuguesa, com arquitetura típica lisboeta, e ornamentos pesadíssimos vindos de Portugal, usando azulejos holandeses. Não podiam ter mandado vir azulejos igualmente portugueses? EU teria preferido! :-)
      abraços

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    2. Ola Fabio, muitos dos azulejos eram portugueses sim mas os motivos eram holandeses devidos ao "sucesso" da pintura flamenca na época, por isso vemos motivos até da idade média, cenas tipicamente europeias que nao tinham realidade no contexto brasileiro

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    3. Olá Christophe,
      No caso desta igreja, os azulejos da área de circulação são garantidamente holandeses, por conta da maneira de pintar, e as dimensões dos mesmos. Na cúpula é mais difícil saber.
      abraços!

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  2. Fábio

    Eu sei que tu és um lusófilo irredutível, mas também o Brasil é isso mesmo, a incrível mistura de portugueses, italianos, negros, indíos, japoneses e sabe-se-lá que mais, mistura que de alguma forma é visível nas formas construídas

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    1. Sim, e daí que vem nossa bossa e originalidade, da antropofagia, das misturas. O que foi começado pelos portugueses, que sempre fizeram o mix de culturas por onde passavam. Igrejas barrocas de minas com anjinhos com rosto de chinês, por exemplo.
      abs!!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Olá, obrigado por suas palavras; há no blog uma outra postagem só sobre o oratório.

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